Em um caso um pouco polêmico que ocorreu em dezembro de 2023, uma empresa chinesa quase “comprou” uma cidade do nordeste brasileiro por cerca de 9 trilhões de reais.
Com o intuito de transformá-la em uma metrópole futurista, a cidade escolhida foi Mataraca, que fica no estado da Paraíba e conta hoje com cerca de 8,3 mil habitantes.
O objetivo dos chineses era reconfigurar toda a cidade e, em breve, fazer dela um porto offshore de última geração, com infraestrutura da mais alta tecnologia. Porém, algo parece não ter dado certo.
Entre promessas grandiosas e muitas suspeitas, o projeto foi cancelado, deixando a cidade de volta ao seu ritmo tranquilo.
O plano, anunciado por um grupo de investidores chineses denominado Brasil CRT, envolvia um investimento impressionante.
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O cancelamento do projeto – No entanto, o projeto ambicioso logo se viu envolto em controvérsias. O valor do investimento, que equivalia a cerca de 120 vezes o PIB (Produto Interno Bruto) da Paraíba e quase ao PIB total do Brasil, levantou suspeitas.
A promotora Ellen Veras Ximenes, do Ministério Público da Paraíba, solicitou à prefeitura de Mataraca a documentação detalhada sobre o protocolo de intenções e outras garantias oferecidas pelo grupo chinês.
Com o aprofundamento das investigações, surgiram questões sobre a viabilidade do projeto e a transparência dos recursos envolvidos.
As irregularidades – Entre as incongruências apontadas, destacaram-se dúvidas sobre a existência da empresa Brasil CRT como entidade oficial na China. Além disso, as autoridades suspeitaram que o projeto fosse uma mera cópia de um plano dinamarquês para Shenzhen.
A ausência de clareza quanto à origem dos recursos e a falta de informações organizacionais acessíveis ao público também contribuíram para o aumento das desconfianças.
De acordo com as informações do g1, a medida do órgão ministerial foi tomada após indícios de irregularidades se tornarem públicas. Veja algumas delas listadas abaixo:
- Suspeita de que a obra seja cópia de um projeto de um escritório dinamarquês para um distrito futurista em Shenzhen, no sul da China;
- Consulado-geral da China em Recife afirmar que a Brasil CRT não exerce atividades oficiais como empresa em território chinês;
- Falta de detalhes sobre como os recursos para a obra seriam obtidos;
- Falta de um site (com informações organizações e referências de outras construções) ou contatos disponíveis para comunicação com a empresa.
Diante das investigações e das suspeitas levantadas, o grupo chinês decidiu cancelar o projeto em Mataraca, deixando a cidade em um estado de incerteza.
O prefeito Egberto Madrugada, que inicialmente havia se mostrado entusiasmado com as promessas de modernização, optou por não se pronunciar após o cancelamento.
Enquanto isso, Mataraca tenta retornar à sua rotina, com a esperança de que novos investimentos, mais transparentes e viáveis, possam um dia transformar a realidade local.
Com informações: www.gazetasp.com.br