BRASIL: Delegados criticam desfile de escola de samba que ‘Demonizou a polícia’

O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) emitiu uma nota de repúdio contra a escola de samba Vai-Vai, afirmando que o enredo apresentado pela agremiação no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo, afronta e desrespeita as forças de segurança pública.

Neste ano, a Vai-Vai abordou o enredo “Capítulo 4. Versículo 3 – Da Rua e do Povo, o Hip Hop: Um Manifesto Paulistano”, em que se posicionou contra o preconceito. O desfile destacou os espaços ocupados por pessoas negras e sua relevância na origem e na perpetuação do rap e do hip-hop. Durante o desfile, Mano Brown também se fez presente.

Para o Sindpesp, a escola “tratou com escárnio a figura de agentes da lei. Com direito a chifres e outros itens que remetiam à figura de um demônio, as alegorias utilizadas na ala Sobrevivendo no Inferno, demonizaram a polícia –algo que causa extrema indignação”.

O sindicato também afirmou que “em nome do que chama de ‘arte’ e de liberdade de expressão, [a escola] afronta as forças de segurança pública, desrespeita e trata, de forma vil e covarde, profissionais abnegados que se dedicam, dia e noite, à proteção da sociedade e ao combate ao crime, muitas vezes, sob condições precárias e adversas, ao custo de suas próprias vidas e famílias”.

Além disso, a nota acrescenta que espera que a Vai-Vai reconheça que “exagerou e incorreu em erro na ala em questão, e se retrate, publicamente”.

“Não estamos falando, afinal, apenas dos policiais, sejam civis ou militares, mas, sobretudo, de uma instituição de Estado que representa e está a serviço de toda a sociedade bandeirante”, disse o Sindpesp.

Em nota enviada à CNN Brasil, a Vai-Vai afirmou que o enredo do carnaval “tratou-se de um manifesto, uma crítica ao que se entende por cultura na cidade de São Paulo, que exclui manifestações culturais como o hip hop e seus quatro elementos – breaking, graffiti, MCs e DJs”.

“Além disso, o desfile buscou homenagear e dar vez e voz aos muitos artistas excluídos que nunca tiveram seu talento e sua trajetória notadamente reconhecidos”, completou a escola, que destacou a liberdade e a ludicidade que o carnaval permite.

“A ala retratada no desfile de sábado, da escola de samba Vai-Vai, à luz da liberdade e ludicidade que o carnaval permite, fez uma justa homenagem ao álbum e ao próprio Racionais MCs, sem a intenção de promover qualquer tipo de ataque individualizado ou provocação, mas sim uma ala, como as outras 19 apresentadas pela escola, que homenageiam um movimento”, disse a Vai-Vai.

“Vale ressaltar que, nesse recorte histórico da década de 1990, a segurança pública no estado de São Paulo era uma questão importante e latente, com índices altíssimos de mortalidade da população preta e periférica. Além disso, é de conhecimento público que os precursores do movimento hip hop no Brasil eram marginalizados e tratados como vagabundo, sofrendo repressão e, sendo presos, muitas vezes, apenas por dançarem e adotarem um estilo de vestimenta considerado inadequado pra época. Ou seja, o que a escola fez, na avenida, foi inserir o álbum e os acontecimentos históricos no contexto que eles ocorreram, no enredo do desfile”, finalizou a escola.

Com informações: Terra

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