Kléber precisa de medicação de alto custo para barrar o avanço da esclerose; dose está atrasada (Foto: Henrique Kawaminami)
O juiz da 2ª Vara de Fazenda Pública e de Registros Públicos de Campo Grande, Cláudio Muller Pareja, determinou o bloqueio de R$ 85,6 mil das contas do Governo do Estado para assegurar o fornecimento de um remédio de alto custo para a continuidade do tratamento de um jovem que sofre de esclerose múltipla progressiva.
O bloqueio foi a alternativa diante da falta de informações sobre a liberação das doses, para as aplicações que deveriam ser continuadas no dia 20 deste mês.,
Kléber Rogério de Souza Silva, de 27 anos, passou a receber o medicamento Ocrelizumabe, que não está na lista do SUS (Sistema Único de Saúde), em julho do ano passado, após ser definido em juízo que a Prefeitura da Capital forneceria doses para o primeiro semestre de tratamento, que foi até dezembro, e em janeiro elas seriam fornecidas pelo Estado.
A medicação é aplicada na veia, misturada com soro, em duas doses a cada semestre, no Hospital Universitário de Campo Grande, em procedimento que demora cerca de cinco horas.
Diante da falta de informações sobre a liberação, a advogada Ludmila Ferraz pediu o bloqueio do valor. Com a decisão, do final da semana passada, há corrida contra o tempo para encontrar o medicamento, que não é vendido em farmácias, por ser de aplicação reservada aos serviços de saúde. Ela teme que o trâmite demore e haja avanço da doença.
Kléber também sente essa angústia. Ele conta que começou a sentir sinais diferentes no organismo, primeiro com a visão turva, em um episódio em 2017; em 2019 sentiu um choque na coluna. Até chegar ao diagnóstico, passou por vários especialistas. Hoje, a fraqueza nas pernas força o rapaz a utilizar muleta para caminhar.
A advogada Ludmila, que se especializou m ações na área da saúde, conta que a continuidade daquela medicação poderia causar a progressão da doença, com risco de paralisia ou até mesmo morte.
Conviver com tamanhos desafios tem custo emocional elevado para Kléber. Ele revela episódios de depressão, variação do humor. O rapaz já foi praticante de trilhas, viajava. Hoje, reconhece a dificuldade de praticar atividades físicas e até mesmo fisioterapia. Ele conta com os serviços oferecidos pelo SUS.
Kléber lembra que trabalhava antes do avanço da doença. Hoje, ele recebe o BPC, benefício da prestação continuada, um salário mínimo liberado pelo INSS. Além do medicamento de alto custo, ele toma também vitamina D em altas doses, que demonstrou eficácia para pacientes com esclerose.
Esperançoso, Kléber disse que estava contando sua história à reportagem na expectativa de o poder público garantir sua medicação. “É a ponte para eu não ter surtos e estabilizar a doença”, explicou.
Com informações: Campograndenews